quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Resenha Burrada Festival 2009



Atividades Paralelas. Guarde bem isso que vou dizer. Tem sido uma tendência evidente nos Festivais de música independente em todo o país. Elas estão arroladas a programação das bandas que se apresentam como pivô principal destes eventos. Uma ressalva, porém: as Atividades Paralelas parecem funcionar como muletas que sustentam o corpo do andante, ou seja, são inseridas em um Festival quase que sendo apenas para preencher um folder ou tornar aquecido um currículo, no Festival Burrada, contudo, a iniciativa foi louvável, tendo em vista que essas Atividades tiveram seu desfecho satisfatório desde a primeira até a última. Os dois grandes dínamos para que tal feito se evidenciasse foram os organizadores do evento e os representantes convidados das Atividades, considerando o fato de que os organizadores souberam escolher a dedo e os tais valorizaram a oportunidade.
A Atividade Paralela de êxito é aquela que é anunciada e efetivada de acordo com a programação e assim foram vistas: Mostra de Curtas-Metragens Itinerante Miragem, um sucesso de abertura do Festival, visto que o público compareceu em número significante na quinta-feira, não por acaso, os curtas selecionados foram de uma qualidade imensurável. Some-se isto uma amostra de fotografias que retratavam as bandas de rock locais junto a quadros de figuras do cinema, da musica, e ainda, as poesias marginais Letras das Canções criando uma miscelânea visual oportuna ao que ambiente proposto. Um tiro na psique de quem sabe absorver um bom prato de informação quando está diante de um.
Se a amostra de curtas e o desfile de artes foram anfitriões na quinta, a sexta-feira foi o dia de comprovar se valia a pena o empenho. Uma noite denominada Heavens Night, certamente pelo teor das bandas, que em nada significavam menos ou mais e sim convidativa a um público menos headbangers, foi de tal modo contemplativa aos que depositaram seus tostões nas apostas noturnas.
La Cecília, Boddah Diciro, Flip 180, Meros Berros e Vento Azul eram as bandas previstas, sendo que Meros Berros e Vento Azul não se apresentaram, uma lastima, já que seria o vinho que tornaria o cálice mais ébrio, contudo, um susto, do nada e não tão fácil assim de comparecer surge no palco do Tendencies Music Bar a banda de Paraíso do Tocantins – Poetas do Caos. Como um daqueles velhos contos nórdicos, parece que foi enunciada pelo oráculo, pois em nada desmereceu a confiança prestada. Um verdadeiro show autêntico de rock inteligente e criativo foi o que a banda trouxe, pano de fundo apropriado para a banda goiana Johnny Suxxx and Fucking Boys que fechou a casa com o orgasmo elétrico justo para uma noite descentemente apelidada de divina.
Era sábado. Se o Festival tivesse encerrado na sexta em nada teria sido decepcionante, visto tamanha glória alcançada. No entanto, tinha mais. Na tarde que antecedia a palestra O Rock Na Corda Bamba, uma chuva, não, não foi uma chuva para desanimar o público, ao contrário, trouxe acalento, e a palestra, logo em seguida, da mesma forma que as primeiras Atividades Paralelas, consagrou o evento, seguida pela Assessória de Comunicação enfatizada pela Jornalista Selêucia, donde foram dissecadas todas as principais estratégias possíveis que uma banda pode utilizar a seu favor no tocante a marketing. Um detalhe antes que se acabe o dia, o público para a palestra e assessória foram de certa forma estimável e surpreendente.

Seria de fato suficiente se ficasse por aqui, mas não ficou, ainda restava o último dia do Burrada, a noite Hell. Nesta, o previsto era um teor mais enegrecido com HC, BodeCore, Punk e Heavy, porém, dois desfalques: A Baba De Mumm-Rá e Urban Cannibals, nada desanimador, uma vez que a banda Slaved Soul esboçou o Heavy esperado, e por sua vez, a Críticos Loucos tão ansiada pelo público, já que esta retornaria ao palco com nova formação, e que, não decepcionou em nada tendo em vista a velha e boa performance tanto do vocalista quando os demais integrantes novos da banda que já vieram de caminhos experimentados. Fechando a noite, não poderia ser outra banda mais entusiasta para o publico hell do que Just Another Fuck. Ao contrário de muitas que vem de longe e deixam uma ferida irreparável, está provou estar apta para se apresentar em qualquer hora e local. Uma apresentação em que o vocalista convidava incansavelmente o público para a roda, manifestando gana roqueira e condições suficientes para carregar nas costas uma noite em que tiveram que preencher vazios inesperados. E por fim, depois de tanto gozo, a banda Mata Burro. Está estritamente intima do publico tocou o terror a final das contas, com a participação do André Porkão, vocalista da Baba de Murmm-Rá em uma música, decretando assim o final de um grande evento para um público respeitável que está de parabéns pelo comparecimento, desde a mostra de curtas até a deflagração final do Festival.
Olhando espacialmente de cima, é bom registrar algo sumariamente importante, as duas bandas que cruzaram a fronteira do estado (Johnny Suxxx and Fucking Boys e Just Another Fuck) pareciam mesmo ser daqui de tanto que estavam à vontade com as pessoas e com o lugar.
Um Festival digno de um público crescente e digno de uma terceira edição tal qual foi esta segunda. Quanto aos imprevistos, ossos do ofício, afinal, entre o Heavens e o Hell só existe mesmo um pequeno abismo, mas tão imperceptível que fora superado pela grandiosidade do arremate.

Por Rivaldo Souza "O Intolerante"

Um comentário:

Anônimo disse...

Aprendi muito