segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

O esboço de um circuito local independente - Retrospectiva Parte Final

O ano passado foi marcado por grandes shows e festivais pelo Brasil inteiro. A queda do dólar na época (chegou a custar menos de R$ 1,50 no primeiro semestre) facilitou a vinda de muitas bandas gringas clássicas como Iron Maiden, New York Dolls e Suicidal Tendencies, e outras em evidência como Muse, The Hives. Tá, mas o Tocantins está em outra realidade. Sempre teve rock aqui, mas só nos últimos dois ou três anos é que um esquema começou a se organizar com a participação de produtores, bandas e público. Os frutos têm sido colhidos naturalmente por todos os envolvidos. 

Os festivais são muito importantes por conta das relações de intercâmbio que promovem. As bandas se articulam entre si, principalmente quando vem banda de fora da cidade ou do estado. O público, que tem a vantagem de assistir muitas bandas por um preço baixo, mistura-se entre amigos dos integrantes, fãs das bandas, perdidos na noite, e claro roqueiros de todas as estirpes. A partir da satisfação do público e das bandas, os produtores consequentemente também ficam satisfeitos. Assim, aumentam as expectativas e possibilita mais patrocínios (quando existe!) para a próxima edição do evento. 

O objetivo deste texto não é favorecer nenhum produtor, somente destacar e reconhecer o sucesso de alguns dos eventos que mais marcaram 2008. 

O ano começou em Palmas com o tradicional refúgio dos roqueiros que não viajam durante o carnaval. O Grito Rock é considerado o maior festival integrado da América do Sul, mas no Tocantins ainda busca estabilidade, pois não é fácil fazer rock no carnaval daqui. Quem não viaja deixa as camisetas pretas de lado e veste um abadá colorido. Enfim, a segunda edição do Grito Rock aconteceu no Tendencies Music Bar, no dia 2 de fevereiro (pleno sábado de carnaval) e teve a participação de nomes fortes em suas cidades de origem como os goianos Mechanics e Necropsy Room, o mato-grossense Big Trip, além dos heróis locais Críticos Loucos e Territorial. 


Em março, o Tendencies Rock Festival chegou à quinta edição com uma mega-estrutura, nomes de destaque do rock nacional como Velhas Virgens e Plebe Rude, mais 14 bandas. No Tendencies, as bandas locais foram coadjuvantes e fizeram bem a parte delas. Entre as surpresas de fora, Crazy Legs (SP), Johnny Suxxx (GO) e Sick Sick Sinners (PR) fizeram uns dos melhores shows, enquanto Pecadores (SP) e Harllequin (DF) chamaram mais atenção por atitudes distintas como chocar os cristãos e reclamar do tempo cronometrado da apresentação, respectivamente. Mas o grande destaque foi mesmo Velhas Virgens. Com muita interação com o público, o show de quase duas horas dos putos beberrões (essa foi podre né?) fizeram um dos três melhores shows do ano e talvez o melhor de rock n roll que esse estado já viu. Veja aqui como foi. Pra 2009, já temos confirmados a banda pop gaúcha Nenhum de Nós (RS).

No mês de abril, André Porkão confirmou a vinda dos Raimundos para uma noite no Tendencies Music Bar. Muitos desconfiavam de que a banda ainda fosse produtiva após oito anos da saída do ex-vocalista Rodolfo. Ainda assim, mais de 500 pessoas lotaram o bar na noite de 13 abril e viram o que queriam: uma banda com excelente presença de palco e um setlist recheado de músicas conhecidas pela galera, que cantava junto. Acabaram os remorsos de todos que nunca viram um show da formação clássica, e ainda voltaram para tocar no TO.M.E. em agosto. Veja aqui como foi.


O 4° PMW Rock Festival se consolidou em 2008 ao trazer bandas de destaque no circuito nacional de festivais independentes e mostrar que pode crescer ainda mais nos próximos anos. Com 15 bandas e uma mega-estrutura, o evento foi realizado nas noites de 2 e 3 de maio. O grande nome do festival antes de acontecer era o Cachorro Grande, mas quem fez o show mais espetacular mesmo foi o Móveis Coloniais de Acaju, que já é reconhecido no Brasil inteiro. Outras excelentes surpresas foram os paraibanos Zefirina Bomba (banda mais carismática do festival) e os candangos Lafusa, que é aquela banda que lembra Los Hermanos. Hehehe... Também teve o fiasco dos roqueiros colegiais da banda Pleiades. Veja aqui como foi. Pra junho de 2009, já temos confirmado Ratos de Porão (SP) e Baranga (SP)

O Zoe Metal manteve a tradição festival de metal cristão. Em junho foi realizado o sonho antigo dos “metaleiros de cristo” com a vinda da banda que é referência do estilo no Brasil, Anti-Demon (SP). Ainda participaram outras quatro bandas de cidades diferentes: Arnion (Goiânia), Inpluguedi (Goianésia), Clamor (Araguaína) e CriticosLoucos (Palmas). Segundo comentários na época, o Anti-Demon não correspondeu às expectativas e o Arnion surpreendeu. 

O Junta Tribo foi o festival mais ousado do estado. Pode um cara de 21 anos de idade que não é filhinho de papai levar cinco bandas de rock pra tocar em uma cidade interiorana que não tem público acostumado a barulheira? Pode sim senhor! Foi isso que Daniel Barbosa conseguiu em Rio Sono. O festival mesclou  bandas experientes (Boddah, Críticos, Vertikal), aposta (Stiff) e a volta da Baba de Mumm Ra. Pra quem imaginava que a galera ficaria parada, durante o show do Críticos haviam mais de 15 pessoas pulando em cima do palco armado na beira da praia. Foi histórico! Veja aqui como foi.

O mês de agosto foi de muito rock! O maior festival do interior chegou a sua comemorada quinta edição. Até hoje lamento não ter ido para Miracema no Agosto de Rock, mesmo com algumas das bandas tocando no Tendencies Bar de vez em quando, só quem vê um show nas cidades do interior sabe o quanto a energia por lá é mais intensa. Foram 10 bandas, sendo uma de Brasília, Dona Rubina, indicada pelo Digão (Raimundos). As bandas locais eram compostas por algumas das melhores bandas que temos e outra iniciantes, sendo três de Miracema (Meros-Berros, Stiff e Raphiles). O evento também teve palestra ministrada por Rivas Araújo sobre a Pedagogia do Rock, e exibição do documentário Botinada sobre a história do punk rock no Brasil. Veja aqui como foi.

Cerca de uma semana após o Agosto de Rock, em Palmas aconteceu a segunda edição do Tocantins Música Expressa no Tendencies Music Bar. Em dois dias do festival de porte médio teve a gravação do CD/DVD da Baba de Mumm Ra, bons shows dos Raimundos, Amp (PE) e Graboids (GO). Além da constrangedora apresentação da banda goiana Sody e o desfile de clássicos do rock n roll com a banda “dos sonhos” Rockafellas, formada por Paul Dianno (ex-Iron Maden), Marcão (ex-CBJR), Canisso (Raimundos) e Jean Dolabella (Sepultura). Veja aqui como foi.


Em setembro aconteceu um dos eventos mais importantes para a cena local. O Mata-Burro sentiu que não dava pra esperar convites pra tocar e organizou o primeiro Burrada Festival convidando as bandas Albion, Boddah, Criticos Loucos, Corell e a revelação miracemense Meros-Berros. Pode-se dizer que o festival foi derivado da observação do Mata-Burro sobre a forma como é organizado o Agosto de Rock em Miracema. E disseminaram em Palmas a maneira corporativa de se organizar um evento: sem patrocínios e com o apoio dos amigos pra fazer as coisas acontecerem. Veja aqui como foi.



Posso dizer com certeza que o “primeiro filho ideológico” do Burrada foi o Empolgai, evento do qual participei da organização e aconteceu no dia 18 de outubro no Tendencies Music Bar. Mas não foi só isso. Com o status de festival cultural, no Empolgai foram reunidas três bandas que contam com estudantes de jornalismo em sua formação e todos se ajudaram para realizar um grande evento. Com ingressos no valor de R$ 4, o Tendencies ficou lotado com quase 600 pessoas e o público foi mesclado com gente que nem é do rock mas tava afim de ver a estréia do Engenho Novo, a Baba de Mumm Ra e a nova formação do Poetas Caos, além de marcar o lançamento da revista Klep, e a exposição de caricaturas de Ciro Gonçalves. 

Em busca do intercâmbio da cidade de Gurupi com as outras cidades do estado somado a falta de lugar pra tocar, o blog parceiro TOnounderground realizou seu primeiro festival e reuniu algumas das bandas iniciantes da cidade pra ajudar na organização e tocar no evento. De fora, foram convidadas as bandas palmenses Meu Xampu Fede e Vertikal, e o Territorial (Araguaína). Mas só veio o Vertikal porque as outras bandas tiveram problemas com os integrantes. Isso ajudou a focar mais nas bandas gurupienses. Veja aqui como foi. 



Em 2008 os “grandes produtores” também trouxeram shows de rock ou pop rock a Palmas. No show do Capital Inicial quem tava na pista não viu e mal ouviu o show, no show dos Titãs teve abada amarelo pra dar uma forcinha pra Nilmar e no show do Nando Reis houve falta de respeito com a banda Engenho Novo, que havia sido convidada pra tocar e na hora não deixaram. Enquanto tem gente valorizando esse tipo festa e pagando R$ 25 pra assistir um show a 30m de distância do palco, no underground tem quem pague R$ 15 pra ver shows cara a cara com o palco em dois dias de festival com quase 20 bandas de todo o Brasil.

Por Daniel Bauducco

5 comentários:

Anônimo disse...

\0...nem deixou o link por ai bauducco...achei por acaso; ]...bom texto...foi bom lembrar dos momentos bons...hauiahjauiahi...inté o grito do rock...; ]

Anônimo disse...

só eu que comento nesse carai???¬¬

Anônimo disse...

só eu que comento nesse carai???¬¬

Anônimo disse...

só eu que comento nesse carai???¬¬

Renato Nunes disse...

Aí Bauducco, vai rolar o Grito Rock aí em Palmas e vão tocar duas bandas de Brasília. Se vc for ao show e fizer alguma resenha, manda que eu publico no meu blog também.

Abs